Areia de mulheres. Alhures areia. Milhares de fagulhas femininas, criativas, feminis em nós. Festival de Artes de Areia, em sua 14ª edição, e Caminhos do Frio em um só momento: a cidade abraça o festival que vem e a cobre como lençol bordado de estrelas vagaluminosas como fuxicos coletivos. Mãos de dentro e de fora entrelaçadas na ciranda boa do bem-querer, do aprender admirando e fazendo junto. Areia tem espetáculos? Tem, sim senhora. De tudo que é qualidade: de teatro, de circo propriamente dito, da dita literatura, da dança engonçada do novo mergulhado no perene, do povo que canta bonito na praça junto com suas cantoras, da cantoria maestrina de caboclas violeiras, de mestras de coco e ancestrais cirandis.
E tem boa conversa, Areia. Sobre arte, cultura, sociopolítica à vera com a profundidade das coisas simples. Oficinas com quem entende do ofício, e ensina. Para aprendizes de todas as idades. Gentes dos interiores da Paraíba e do Brasil profundo. Mulheres em Areia. Nós, mulheres… Como assim? O feminino em nós todos, isso sim. Assim mesmo. Imbrincando-se na gente. As artes da delicadeza redesenhando firmezas. A arte da arte contra as artes da guerra e os artifícios do entretenimento vazio. A cultura intuída, florescente, tomando o lugar da instrução e da intrusão. De dentro pra fora, de onde a alma mora para as cidades dos homens — a busca de dar sentido às frágeis fortalezas onde temos nos escondido nos dias de hoje e nas noites do sempre. Cultura de inclusão republicana: edital. E procura de luzes perenes com a luneta do bom senso.
Que venham, pois, Denise Stoklos, Zizi Possi, Elisa Lucinda, Zélia Duncan, Maria Prestes, Petra Costa, Marcela Levi, Veronica Tamaoki, Isabel Marques, Debora Opolski, Liana Gesteira. Que venham as Coreológicas, Beatriz Myrrha, Andrea Macera e a Hysteria das mulheres do XIX do Teatro. Cheguem, comadres todas. Aqui estamos, à sua espera, com Maria dos Mares, Soledade e Minervina, Mariah Teixeira, Lucy Alves e Sandra Belê, DJ Kylt e Eleonora Falcone, Valéria Vicente, Suzy Lopes e Madalena Zaccara. Nós somos agora a Adorável Família feita da poeira de milhares de fagulhas femininas. Venham ser conosco, como nós agora: vagaluminosos grãos de Areia.
(Chico César, Secretário de Estado da Cultura da Paraíba)
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