É preciso falar do Cego Aderaldo, tanto do famoso personagem do Crato, no Ceará, como da biografia escrita por Cláudio Portella para a Escrituras, aliás a Escrituras, há algum tempo tem olhado um pouco acima, para os autores do Nordeste. Lembro aqui rapidamente do Angústia da Concisão, do poeta e filósofo Abrahão Costa Andrade, amigo de infância, lá das névoas areenses; do Zoo Imaginário, do poeta, nosso mestre e professor Sérgio de Castro Pinto; A Estética do Cangaço, de Frederico Pernambucano de Melo; Pedra Só, de José Inácio Vieira de Melo. Mas voltemos ao Cego Aderaldo.
A capa é realmente de arrepiar: o velho cantador enfatiotado em linho, segurando ao colo seu instrumento de trabalho, mais parecendo um donatário, e o era: donatário de vasta visão, como apregoa o subtítulo da obra.
Portella esmiúça com notável habilidade os fatos e a obra do vate caririzeiro, sem perder o lúdico, nem afastar-se do maravilhoso. Transformado em lenda, o Cego Aderaldo desfia seu canto e suas rimas, seus chistes e ousadias. Personagem na célebre A Peleja do Cego Aderaldo Com Zé Pretinho Do Tucum, Firmino Teixeira do Amaral colocou-lhe no canto as deixas até hoje lembradas nas rodas de conversa sobre o sertão dos cantadores:
Amigo José Pretinho
Não sei que hei de cantar
Só sei que depois da luta
O senhor vencido está
Quem a paca cara compra
Cara a paca pagará.
E assim vai costurando sua teia pegajosa repleta de inversões sobre o mesmo tema, encaixotando Zé Pretinho num beco sem saída, diante do trava-língua. Antes já havia preparado um nó do juízo do adversário, utilizando-se da mesma técnica:
Eu vou mudar a toada
Pra uma que mete medo
Nunca encontrei cantador
Que desmanchasse esse enredo:
É um dedo, é um dado, é um dia,
É um dia, é um dado, é um dedo.
Claro que tudo isso e muito mais está no miolo sensacional do livro: fotografias, pequena antologia de motes e glosas, pelejas e poemas. Homenagem mais que em tempo ao grande cantador. De muita pertinência aparecem nos anexos as pautas com a melodia do martelo agalopado, do mourão, das sextilhas e do quadrão, tradicionais modalidades da cantoria nordestina, trazendo a harmonia e a linha melódica da rabeca, instrumento com o qual Aderaldo se apresentava em várias ocasiões.
Claudio Portella é um cearense de Fortaleza, poeta e crítico literário, agora assina também como biógrafo, atrelando seu nome à cultura profunda do Brasil Real. De parabéns os envolvidos na empreitada e meus agradecimentos ao editor Raimundo Gadelha pelo belo presente.
Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
A capa é realmente de arrepiar: o velho cantador enfatiotado em linho, segurando ao colo seu instrumento de trabalho, mais parecendo um donatário, e o era: donatário de vasta visão, como apregoa o subtítulo da obra.
Portella esmiúça com notável habilidade os fatos e a obra do vate caririzeiro, sem perder o lúdico, nem afastar-se do maravilhoso. Transformado em lenda, o Cego Aderaldo desfia seu canto e suas rimas, seus chistes e ousadias. Personagem na célebre A Peleja do Cego Aderaldo Com Zé Pretinho Do Tucum, Firmino Teixeira do Amaral colocou-lhe no canto as deixas até hoje lembradas nas rodas de conversa sobre o sertão dos cantadores:
Amigo José Pretinho
Não sei que hei de cantar
Só sei que depois da luta
O senhor vencido está
Quem a paca cara compra
Cara a paca pagará.
E assim vai costurando sua teia pegajosa repleta de inversões sobre o mesmo tema, encaixotando Zé Pretinho num beco sem saída, diante do trava-língua. Antes já havia preparado um nó do juízo do adversário, utilizando-se da mesma técnica:
Eu vou mudar a toada
Pra uma que mete medo
Nunca encontrei cantador
Que desmanchasse esse enredo:
É um dedo, é um dado, é um dia,
É um dia, é um dado, é um dedo.
Claro que tudo isso e muito mais está no miolo sensacional do livro: fotografias, pequena antologia de motes e glosas, pelejas e poemas. Homenagem mais que em tempo ao grande cantador. De muita pertinência aparecem nos anexos as pautas com a melodia do martelo agalopado, do mourão, das sextilhas e do quadrão, tradicionais modalidades da cantoria nordestina, trazendo a harmonia e a linha melódica da rabeca, instrumento com o qual Aderaldo se apresentava em várias ocasiões.
Claudio Portella é um cearense de Fortaleza, poeta e crítico literário, agora assina também como biógrafo, atrelando seu nome à cultura profunda do Brasil Real. De parabéns os envolvidos na empreitada e meus agradecimentos ao editor Raimundo Gadelha pelo belo presente.
Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
Por Aderaldo Luciano
Auto referenciação à guisa de introdução: — O aparecimento de um novo autor de cordel é motivo de festa e reflexão. Festa porque mais um se vê tocado pela seta cavilosa cordelial. Reflexão para discernir entre o "aventureiro", aquele que não tem compromisso com a arte; o "aproveitador", aquele que pega carona no poderio lúdico cordelístico para nutrir seu próprio egoísmo; o "experimentador", poeta que quer beber na fonte cordeliana e nela se banhar para sentir sua textura, profundidade e temperatura; o "pranteador filantrópico", que chora o fim do cordel e diz que quer ajudar a manter a arte viva; o "ignorante condenado ao inferno", aquele que pensa que conhece a arte, imagina que detém a força poética, zomba dos outros poetas e aproveita qualquer brecha para aparecer e tentar ganhar uns trocados com seus folhetos malacabados; e, por fim, o "escolhido", aquele que vem cumprir a sina, vestir-se de paladino, lutar a luta mais vã, sonhar e realizar. É o que fica. Todos nós que lidamos com o cordel nos deparamos com uns e com outros, sempre.
Há algum tempo fiz uma observação e a complementei com algumas interrogações: — O romance sumiu do cordel. O cordel de gracejo, o cordel pedagógico, o cordel das adaptações estão tomando o lugar das pelejas, dos romances, das aventuras originais. Os cordéis sobre seu Lunga, sobre o peido, sobre a bunda, sobre o chifre, etc. são best-sellers. Mas e os romances? Quem tem fôlego para o cordel original? Motivos não faltam. Faltarão poetas? — Atento a esse questionamento, Felipe Júnior, aproveitando minha passagem pelo Recife, durante a Bienal do Livro, aparteou-me e disse-me: — Tu não querias um romance? Olhaí? — E que belo texto encontrei, porque Felipe narra, descreve e reflete a vida sem perder a poesia, utilizando-a como ferramente para engrandecer sua obra. O Romance de Maria e Ezequiel ou O Grande Golpe do Destino cumpre todos os quesitos do romance cordelístico, aliás, o destino tem sido, desde a fundação, o tema base dos romances. Felipe, com maestria de quem não é novato (vide a breve introdução no início do post) divide o seu relato exatamente como o fizeram os pais do cordel brasileiro: na primeira estrofe faz a proposição, apresentando uma tese a ser defendida durante a narração; nas próximas 9 estrofes apresenta os personagens (Antonio Justino e sua mulher Helena, o coronel João Arraes e os protagonistas Ezequiel e Maria Luiza); por volta da estrofe 10 nos oferece a chave para todo o desenrolar da ação:
Antonio e Helena viram
Que pra ter felicidade
A menina precisava
De pai e mãe de verdade
E, portanto, a entregaram
Ao coronel da cidade.
A partir daí, o sofrimento dos pais que não podiam criar uma criança por falta total de condições econômicas e sociais é esmiuçado para que os pobres leitores deixemos nascer dentro de nós os pactos ficcionais que nos fazem simpatizar com uns personagens e antipatizar com outros. O narrador de Felipe é um intrometido que sabe tudo o que vai pelo coração dos personagens, prevê os seus atos, lê seus pensamentos e oferece uma leitura própria do mundo. Assim, de vez em quando, ele interrompe a narrativa para nos dar uma reflexão:
O grande golpe da vida
É necessário esquecer,
Pois por mais que ele nos fira
Ou que nos faça sofrer
Temos que buscar na vida
Um motivo pra viver.
De novo:
Entretanto quando o homem
Já se sente muito esperto,
A vida vem e coloca
Seu destino como incerto
Deixando um grande buraco
No seu coração aberto.
E novamente:
A vida nos mostra fatos
Que quer vê pede clemência,
Mas quando temos razão
E se agirmos com prudência
Pra ter um bom resultado
Baste termos persistência.
Esses três momentos reflexivos do narrador são as marcas para anunciar a mudança de ação e erguer novos cenários. A primeira, marca o preenchimento da lacuna da perda da filha com o anúncio do nascimento de Ezequiel; a segunda, corta para o fato que transformará a vida de todos os personagens e o aparecimento de outros personagens coadjuvantes: o casamento de uma linda donzela que tocará o coração de Ezequiel; e a terceira, nos traz o clímax da narrativa (que deixarei em aberto para que você, meu nobre leitor, contacte o autor e peça um exemplar do romance).
Felipe Júnior é um professor de Filosofia, mas em sua base é um poeta repleto de virtudes e atuações. Lá no Recife é figura presente na cena cultural. Com esse romance, trilha o caminho da Geração Princesa, dialoga com a Geração Prometida e consolida-se meio à Geração Coroada do Cordel Brasileiro, esta que perfaz a contemporaneidade cordelística. Felipe é um escolhido.
Fonte: http://jornalggn.com.br/blogs/aderaldo-luciano
Auto referenciação à guisa de introdução: — O aparecimento de um novo autor de cordel é motivo de festa e reflexão. Festa porque mais um se vê tocado pela seta cavilosa cordelial. Reflexão para discernir entre o "aventureiro", aquele que não tem compromisso com a arte; o "aproveitador", aquele que pega carona no poderio lúdico cordelístico para nutrir seu próprio egoísmo; o "experimentador", poeta que quer beber na fonte cordeliana e nela se banhar para sentir sua textura, profundidade e temperatura; o "pranteador filantrópico", que chora o fim do cordel e diz que quer ajudar a manter a arte viva; o "ignorante condenado ao inferno", aquele que pensa que conhece a arte, imagina que detém a força poética, zomba dos outros poetas e aproveita qualquer brecha para aparecer e tentar ganhar uns trocados com seus folhetos malacabados; e, por fim, o "escolhido", aquele que vem cumprir a sina, vestir-se de paladino, lutar a luta mais vã, sonhar e realizar. É o que fica. Todos nós que lidamos com o cordel nos deparamos com uns e com outros, sempre.
Há algum tempo fiz uma observação e a complementei com algumas interrogações: — O romance sumiu do cordel. O cordel de gracejo, o cordel pedagógico, o cordel das adaptações estão tomando o lugar das pelejas, dos romances, das aventuras originais. Os cordéis sobre seu Lunga, sobre o peido, sobre a bunda, sobre o chifre, etc. são best-sellers. Mas e os romances? Quem tem fôlego para o cordel original? Motivos não faltam. Faltarão poetas? — Atento a esse questionamento, Felipe Júnior, aproveitando minha passagem pelo Recife, durante a Bienal do Livro, aparteou-me e disse-me: — Tu não querias um romance? Olhaí? — E que belo texto encontrei, porque Felipe narra, descreve e reflete a vida sem perder a poesia, utilizando-a como ferramente para engrandecer sua obra. O Romance de Maria e Ezequiel ou O Grande Golpe do Destino cumpre todos os quesitos do romance cordelístico, aliás, o destino tem sido, desde a fundação, o tema base dos romances. Felipe, com maestria de quem não é novato (vide a breve introdução no início do post) divide o seu relato exatamente como o fizeram os pais do cordel brasileiro: na primeira estrofe faz a proposição, apresentando uma tese a ser defendida durante a narração; nas próximas 9 estrofes apresenta os personagens (Antonio Justino e sua mulher Helena, o coronel João Arraes e os protagonistas Ezequiel e Maria Luiza); por volta da estrofe 10 nos oferece a chave para todo o desenrolar da ação:
Antonio e Helena viram
Que pra ter felicidade
A menina precisava
De pai e mãe de verdade
E, portanto, a entregaram
Ao coronel da cidade.
A partir daí, o sofrimento dos pais que não podiam criar uma criança por falta total de condições econômicas e sociais é esmiuçado para que os pobres leitores deixemos nascer dentro de nós os pactos ficcionais que nos fazem simpatizar com uns personagens e antipatizar com outros. O narrador de Felipe é um intrometido que sabe tudo o que vai pelo coração dos personagens, prevê os seus atos, lê seus pensamentos e oferece uma leitura própria do mundo. Assim, de vez em quando, ele interrompe a narrativa para nos dar uma reflexão:
O grande golpe da vida
É necessário esquecer,
Pois por mais que ele nos fira
Ou que nos faça sofrer
Temos que buscar na vida
Um motivo pra viver.
De novo:
Entretanto quando o homem
Já se sente muito esperto,
A vida vem e coloca
Seu destino como incerto
Deixando um grande buraco
No seu coração aberto.
E novamente:
A vida nos mostra fatos
Que quer vê pede clemência,
Mas quando temos razão
E se agirmos com prudência
Pra ter um bom resultado
Baste termos persistência.
Esses três momentos reflexivos do narrador são as marcas para anunciar a mudança de ação e erguer novos cenários. A primeira, marca o preenchimento da lacuna da perda da filha com o anúncio do nascimento de Ezequiel; a segunda, corta para o fato que transformará a vida de todos os personagens e o aparecimento de outros personagens coadjuvantes: o casamento de uma linda donzela que tocará o coração de Ezequiel; e a terceira, nos traz o clímax da narrativa (que deixarei em aberto para que você, meu nobre leitor, contacte o autor e peça um exemplar do romance).
Felipe Júnior é um professor de Filosofia, mas em sua base é um poeta repleto de virtudes e atuações. Lá no Recife é figura presente na cena cultural. Com esse romance, trilha o caminho da Geração Princesa, dialoga com a Geração Prometida e consolida-se meio à Geração Coroada do Cordel Brasileiro, esta que perfaz a contemporaneidade cordelística. Felipe é um escolhido.
Fonte: http://jornalggn.com.br/blogs/aderaldo-luciano
Filha de professora e de um pedreiro, a estudante Jéssica Kelly Alves da Silva de 17 anos vem colecionando vitórias em sua carreira estudantil. Oriunda de família simples, a sertaneja da cidade paraibana de Ibiara, a 469 km de João Pessoa, já passou em seis cursos universitários em apenas dois anos, sempre estudando em escola pública.
Para alcançar sucesso nas aprovações, Jéssica não tem uma vida tão fácil. Estudava só, mas contava com o auxílio de professores da sua escola e de um cursinho pré-vestibular. Ela comentou que dedicava duas horas por dia para rever o conteúdo abordado em sala de aula. Entretanto não abria mão da diversão.
- Eu sempre me dediquei ao estudo. Tive o incentivo dos meus pais e graças a Deus conquistei algumas vitórias na minha carreira de estudante. Fiz meu primeiro vestibular aos 15 anos e passei. Porém, eu não deixava de me divertir – comemorou Jéssica.
Através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), PSS e vestibulares, a estudante passou nos cursos de Ciências Contábeis (UEPB e UFPB), dois de Fisioterapia (FIT e Inper), Administração (UFPB) e Medicina Veterinária (UFPB). “Eu estou cursando atualmente Ciências Contábeis na UFPB, aqui em João Pessoa. Pretendo terminar o curso”, disse a estudante.
A aprovação de Jéssica Kelly tem um significado importante para toda comunidade escolar da cidade. A universitária foi eleita, através de uma pesquisa de opinião pública em Ibiara, destaque no prêmio ‘Melhores do Ano’. A votação foi entre os munícipes.
A rede pública de ensino tem destaque quase sempre por conta de fatos negativos, como a deficiência estrutural, problemas na composição do corpo docente ou até mesmo pela violência escolar. Porém, a universitária deixa um recado: “todos nós somos capazes de conquistar algo. É preciso enfrentar as adversidades e correr atrás do seu sonho. Nunca desista que conseguirá”.
Fonte: http://portalcorreio.uol.com.br
Para alcançar sucesso nas aprovações, Jéssica não tem uma vida tão fácil. Estudava só, mas contava com o auxílio de professores da sua escola e de um cursinho pré-vestibular. Ela comentou que dedicava duas horas por dia para rever o conteúdo abordado em sala de aula. Entretanto não abria mão da diversão.
- Eu sempre me dediquei ao estudo. Tive o incentivo dos meus pais e graças a Deus conquistei algumas vitórias na minha carreira de estudante. Fiz meu primeiro vestibular aos 15 anos e passei. Porém, eu não deixava de me divertir – comemorou Jéssica.
Através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), PSS e vestibulares, a estudante passou nos cursos de Ciências Contábeis (UEPB e UFPB), dois de Fisioterapia (FIT e Inper), Administração (UFPB) e Medicina Veterinária (UFPB). “Eu estou cursando atualmente Ciências Contábeis na UFPB, aqui em João Pessoa. Pretendo terminar o curso”, disse a estudante.
A aprovação de Jéssica Kelly tem um significado importante para toda comunidade escolar da cidade. A universitária foi eleita, através de uma pesquisa de opinião pública em Ibiara, destaque no prêmio ‘Melhores do Ano’. A votação foi entre os munícipes.
A rede pública de ensino tem destaque quase sempre por conta de fatos negativos, como a deficiência estrutural, problemas na composição do corpo docente ou até mesmo pela violência escolar. Porém, a universitária deixa um recado: “todos nós somos capazes de conquistar algo. É preciso enfrentar as adversidades e correr atrás do seu sonho. Nunca desista que conseguirá”.
Fonte: http://portalcorreio.uol.com.br
Menos de dois anos após a exumação dos restos mortais de d. Pedro 1º, o primeiro imperador brasileiro, e de suas duas mulheres, as imperatrizes d. Leopoldina e d. Amélia, a mesma equipe de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) deve estudar os remanescentes do Segundo Reinado: o imperador d. Pedro 2º e sua mulher, d. Teresa Cristina, a filha do casal, princesa Isabel, e seu marido, o conde D'Eu.
A reportagem apurou que os trâmites já estão bem avançados e a exumação deve ocorrer neste semestre. Com o know-how adquirido no estudo anterior, a maior dificuldade desta fase será o traslado dos restos mortais até o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde os exames serão realizados. Isso porque, se na primeira vez os nobres estavam sepultados na cripta do Parque da Independência, no Ipiranga, d. Pedro 2º e família estão bem mais distantes: a 463 km da capital paulista, no Mausoléu Imperial, na Catedral de Petrópolis, no Rio.
Os responsáveis pelo estudo ainda analisam se o transporte será realizado por via terrestre ou aérea - mas já sabem que ao menos no primeiro trecho, o da Serra de Petrópolis, o transporte deve ser rodoviário.
Assim como nos trabalhos realizados em 2012, os restos mortais da família devem ser submetidos a uma bateria de exames, como tomografias e ressonâncias magnéticas. As análises serão acompanhadas por radiologistas e patologistas, entre outros especialistas. Os diagnósticos são de ponta. Cálculos realizados a pedido da reportagem em 2013 mostravam que exames similares não sairiam por menos de R$ 150 mil.
Acredita-se que o corpo da princesa Isabel esteja embalsamado - o que é visto com otimismo pelos pesquisadores, uma vez que um corpo bem conservado propicia pesquisas avançadas. Uma das surpresas do estudo anterior foi o fato de d. Amélia, segunda mulher de d. Pedro 1º, estar mumificada.
Segredo
Realizados em sigilo entre fevereiro e setembro de 2012, os estudos com d. Pedro 1º e suas duas mulheres foram divulgados com exclusividade pela reportagem em fevereiro de 2013.
Entre outras revelações, o estudo desmentiu a versão histórica de que d. Leopoldina teria caído, ou sido derrubada, de uma escadaria e fraturado o fêmur. Ficou provado que d. Pedro 1º tinha quatro costelas fraturadas, resultado de dois acidentes a cavalo.
As informações são do jornal O "Estado de S. Paulo".
A reportagem apurou que os trâmites já estão bem avançados e a exumação deve ocorrer neste semestre. Com o know-how adquirido no estudo anterior, a maior dificuldade desta fase será o traslado dos restos mortais até o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde os exames serão realizados. Isso porque, se na primeira vez os nobres estavam sepultados na cripta do Parque da Independência, no Ipiranga, d. Pedro 2º e família estão bem mais distantes: a 463 km da capital paulista, no Mausoléu Imperial, na Catedral de Petrópolis, no Rio.
Os responsáveis pelo estudo ainda analisam se o transporte será realizado por via terrestre ou aérea - mas já sabem que ao menos no primeiro trecho, o da Serra de Petrópolis, o transporte deve ser rodoviário.
Assim como nos trabalhos realizados em 2012, os restos mortais da família devem ser submetidos a uma bateria de exames, como tomografias e ressonâncias magnéticas. As análises serão acompanhadas por radiologistas e patologistas, entre outros especialistas. Os diagnósticos são de ponta. Cálculos realizados a pedido da reportagem em 2013 mostravam que exames similares não sairiam por menos de R$ 150 mil.
Acredita-se que o corpo da princesa Isabel esteja embalsamado - o que é visto com otimismo pelos pesquisadores, uma vez que um corpo bem conservado propicia pesquisas avançadas. Uma das surpresas do estudo anterior foi o fato de d. Amélia, segunda mulher de d. Pedro 1º, estar mumificada.
Segredo
Realizados em sigilo entre fevereiro e setembro de 2012, os estudos com d. Pedro 1º e suas duas mulheres foram divulgados com exclusividade pela reportagem em fevereiro de 2013.
Entre outras revelações, o estudo desmentiu a versão histórica de que d. Leopoldina teria caído, ou sido derrubada, de uma escadaria e fraturado o fêmur. Ficou provado que d. Pedro 1º tinha quatro costelas fraturadas, resultado de dois acidentes a cavalo.
As informações são do jornal O "Estado de S. Paulo".
Nos últimos tempos, visando a formação de agentes sociais e comerciais autônomos, viu-se a palavra "empreendedorismo" tomar ares de pedra filosofal. Prêmios para o empreendedor do ano, felicitações, estudos de casos, crédito (pouco e dificultado, mas presente), planos de governo (microempreendedor individual) e outras afirmações vêm marcando o estatuto nacional. No nordeste, essas raízes são antigas e promoveram o sistema de criação e distribuição do cordel.
No sistema cordelístico os pioneiros são, sem mácula e com sucesso: Leandro Gomes de Barros, o fundador; João Martins de Athayde, o expansor; e José Bernardo da Silva, o visionário. E é sobre esse último que derramaremos nossas pequenas luzes.
José Bernardo chegou no Juazeiro em 1926, vindo de Palmeira dos Índios, nas Alagoas, mas só começou a escrever versos em 1930. Ao mesmo tempo passou também a negociar com poesia, mas sem se afastar da agricultura, como ele mesmo afirma: "Eu nunca vivi somente de poesia." Entretanto sua prática coloca em dúvida essa afirmação pois estabeleceu sua própria Tipografia São Francisco, comprou algumas máquinas a partir de 1938: a primeira de Assis Bezerra, da Tipografia Minerva, em Fortaleza; depois comprou mais uma máquina da Tipografia Paulina, hoje Edições Paulinas; a seguir comprou mais uma de Dr. Feitosa. E a partir daí não parou mais, transformando-se no maior editor de cordéis no Nordeste brasileiro.
A grande virada na vida de editor de José Bernardo foi a compra do acervo de João Martins de Athayde, segundo o próprio Bernardo: "... eu comprei essa coleção do Athayde, que é a maior, que eu chego no fim dela com esses romances mesmos, que nós não temos capacidade para imprimir todos." Para alguns essa negociação se deu na década de 50, mas um depoimento da viúva de Athayde aponta para outra data. Diz Dona Sofia Cavalcanti de Athayde: "... Foi mais ou menos em 1942, porque esse menino nasceu em 1945, ele era novinho, foi quando ele mudou-se para a Rua Imperial, que a casa também era nossa, ali junto do rio Una." Como Athayde se aproximava dos 70 anos é possível que a compra tenha se dado entre 42 e 47, mas não na década de 50.
José Bernardo faleceu em 1972 vendo seu negócio em decadência. Sempre colocou a culpa nos cordéis publicados em São Paulo pela Editora Prelúdio. Ao contrário do que diziam os pesquisadores, não foi o rádio, o jornal, tampouco a televisão os responsáveis pela crise e fechamento das editoras de cordel no interior do Nordeste. É o que diz José Bernardo: "Principal exemplo no Norte, digamos, que tem a Prelúdio, no Sul... Faz uma capa muito bonita, porque tem máquinas suficientes, e nós não podemos aplicar o papel adequado que chame a atenção da plateia como eles lá. Já é o fracasso, tanto em clichés como em papel para a capa."
José Bernardo tem grande importância para mim, especialmente. Explico. A teoria sobre o cordel brasileiro que desenvolvi estuda o cordel a partir dos seus traços literários, abandonando aquela marca folclórica que alguns pesquisadores continuam a apregoar. O cordel não é folclore porque não é anônimo, tem autor, editora e datação. Esses mesmos estudiosos desenvolveram uma tabela de classificação dos temas do cordel e o foram organizando em ciclos. Mas esses ciclos são regidos também pelos estudos folclóricos, logo, obsoletos. A minha classificação abrange o cordel observando a aplicação dos gêneros literários, oferecendo ao cordel aquele traço que lhe é fundamental: o traço poético. Obedecendo à classficação clássica temos os cordéis de predominância lírica, epopéica, dramática. Obedecendo à classificação moderna, encontramos o cordel ensaístico, biográfico, performático. Encontramos também a crônica cordelística. Essa teoria iniciou-se com meu encontro com o cordel "Conselhos Paternais", de José Bernardo da Silva, no qual não é contada uma história, nem retratada uma peleja. É um cordel lírico, quando o poeta apenas reflete sobre como deveria ser o filho ideal.
Pra mim, José Bernardo da Silva foi o visionário que, sob as bençãos do Padre Cícero, fundou a Tipografia São Francisco, no Juazeiro do Norte, Ceará. Suas máquinas irrigaram o Nordeste de folhetos de cordel. De sua pequena valise desabaram versos e rimas pelo chão do mundo, pelo céu dos planetas, pelos olhos das gentes, pelas mãos dos viventes. Foi uma entidade plantada no Cariri, um mandacaru polido no barro do massapê, soprado pela divindade para alegrar as nossas vidas. Domou o Dragão, de Juvenal, namorou a Donzela Teodora, amasiou-se com a Imperatriz Porcina, foi companheiro de João de Calais. À noite, no breu dos tempos que longe vão, não amaldiçoou a escuridão, pelo contrário, acendeu a lamparina da poesia, desenhou caminhos de luz para nós, leitores, poetas e sonâmbulos. Com as mãos sujas de tinta gráfica escreveu versos limpos e profundos, revelou o sertão para todos. Sua gráfica foi um portal para outra dimensão, foi o buraco transcendental no qual caímos todos, seduzidos pelo seu carisma. José Bernardo da Silva, mais que Homem, Semideus, Titã, herói dos folhetos, lenda e protetor! Nossos mais profundos respeitos!
Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
No sistema cordelístico os pioneiros são, sem mácula e com sucesso: Leandro Gomes de Barros, o fundador; João Martins de Athayde, o expansor; e José Bernardo da Silva, o visionário. E é sobre esse último que derramaremos nossas pequenas luzes.
José Bernardo chegou no Juazeiro em 1926, vindo de Palmeira dos Índios, nas Alagoas, mas só começou a escrever versos em 1930. Ao mesmo tempo passou também a negociar com poesia, mas sem se afastar da agricultura, como ele mesmo afirma: "Eu nunca vivi somente de poesia." Entretanto sua prática coloca em dúvida essa afirmação pois estabeleceu sua própria Tipografia São Francisco, comprou algumas máquinas a partir de 1938: a primeira de Assis Bezerra, da Tipografia Minerva, em Fortaleza; depois comprou mais uma máquina da Tipografia Paulina, hoje Edições Paulinas; a seguir comprou mais uma de Dr. Feitosa. E a partir daí não parou mais, transformando-se no maior editor de cordéis no Nordeste brasileiro.
A grande virada na vida de editor de José Bernardo foi a compra do acervo de João Martins de Athayde, segundo o próprio Bernardo: "... eu comprei essa coleção do Athayde, que é a maior, que eu chego no fim dela com esses romances mesmos, que nós não temos capacidade para imprimir todos." Para alguns essa negociação se deu na década de 50, mas um depoimento da viúva de Athayde aponta para outra data. Diz Dona Sofia Cavalcanti de Athayde: "... Foi mais ou menos em 1942, porque esse menino nasceu em 1945, ele era novinho, foi quando ele mudou-se para a Rua Imperial, que a casa também era nossa, ali junto do rio Una." Como Athayde se aproximava dos 70 anos é possível que a compra tenha se dado entre 42 e 47, mas não na década de 50.
José Bernardo faleceu em 1972 vendo seu negócio em decadência. Sempre colocou a culpa nos cordéis publicados em São Paulo pela Editora Prelúdio. Ao contrário do que diziam os pesquisadores, não foi o rádio, o jornal, tampouco a televisão os responsáveis pela crise e fechamento das editoras de cordel no interior do Nordeste. É o que diz José Bernardo: "Principal exemplo no Norte, digamos, que tem a Prelúdio, no Sul... Faz uma capa muito bonita, porque tem máquinas suficientes, e nós não podemos aplicar o papel adequado que chame a atenção da plateia como eles lá. Já é o fracasso, tanto em clichés como em papel para a capa."
José Bernardo tem grande importância para mim, especialmente. Explico. A teoria sobre o cordel brasileiro que desenvolvi estuda o cordel a partir dos seus traços literários, abandonando aquela marca folclórica que alguns pesquisadores continuam a apregoar. O cordel não é folclore porque não é anônimo, tem autor, editora e datação. Esses mesmos estudiosos desenvolveram uma tabela de classificação dos temas do cordel e o foram organizando em ciclos. Mas esses ciclos são regidos também pelos estudos folclóricos, logo, obsoletos. A minha classificação abrange o cordel observando a aplicação dos gêneros literários, oferecendo ao cordel aquele traço que lhe é fundamental: o traço poético. Obedecendo à classficação clássica temos os cordéis de predominância lírica, epopéica, dramática. Obedecendo à classificação moderna, encontramos o cordel ensaístico, biográfico, performático. Encontramos também a crônica cordelística. Essa teoria iniciou-se com meu encontro com o cordel "Conselhos Paternais", de José Bernardo da Silva, no qual não é contada uma história, nem retratada uma peleja. É um cordel lírico, quando o poeta apenas reflete sobre como deveria ser o filho ideal.
Pra mim, José Bernardo da Silva foi o visionário que, sob as bençãos do Padre Cícero, fundou a Tipografia São Francisco, no Juazeiro do Norte, Ceará. Suas máquinas irrigaram o Nordeste de folhetos de cordel. De sua pequena valise desabaram versos e rimas pelo chão do mundo, pelo céu dos planetas, pelos olhos das gentes, pelas mãos dos viventes. Foi uma entidade plantada no Cariri, um mandacaru polido no barro do massapê, soprado pela divindade para alegrar as nossas vidas. Domou o Dragão, de Juvenal, namorou a Donzela Teodora, amasiou-se com a Imperatriz Porcina, foi companheiro de João de Calais. À noite, no breu dos tempos que longe vão, não amaldiçoou a escuridão, pelo contrário, acendeu a lamparina da poesia, desenhou caminhos de luz para nós, leitores, poetas e sonâmbulos. Com as mãos sujas de tinta gráfica escreveu versos limpos e profundos, revelou o sertão para todos. Sua gráfica foi um portal para outra dimensão, foi o buraco transcendental no qual caímos todos, seduzidos pelo seu carisma. José Bernardo da Silva, mais que Homem, Semideus, Titã, herói dos folhetos, lenda e protetor! Nossos mais profundos respeitos!
Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
Enviado por Aderaldo Luciano
Lamentamos escrever sobre o falecimento do querido poeta Antonio Américo de Medeiros, na última terça-feira, dia 21. Em março de 2012 estivemos juntos em Patos, na Paraíba do Norte, ele já um pouco adoentado, mesmo assim tivemos uma longa conversa de muitas elucidações sobre o cordel no sertão paraibano. Américo era de São João do Sabugi, no Rio Grande do Norte, e escolheu a morada do sol para sua atuação artística e social. Publicou folhetos pela Tipografia Pontes em Guarabira - PB (Os dois que ele segura nessa fotografia que fiz: A Moça Que Mais Sofreu Na Paraíba Do Norte, o amarelinho, e A Fada Do Bosque Negro E A Princesa Safira, o azulzinho), também pela Editora Coqueiro, do Recife (História da Guerra de Juazeiro do Padre Cícero Romão Batista em 1914), ainda pela Editora Luzeiro de São Paulo (Lampião e sua história contada toda em cordel e A moça que mais sofreu na Paraíba do Norte). A Fundação Ernany Sátiro publicou sua coletânea Vida, Verso e Viola na qual se encontra o seu maior sucesso no cordel brasileiro História Completa da Cruz da Menina.
Foi um dos pioneiros de programas de rádio com violeiros repentistas na cidade de Patos com seu programa Violas e Repentes, ao lado de José Batista, na Rádio Espinharas, em novembro de 1960. Na década de 70 comprou um box no Mercado Público da cidade e passou a vender cordéis, iniciando sua tarefa de grande divulgador de nossa arte poética. Parou de cantar em 1988 e aposentou-se da venda de cordéis em 2005. Em 2003, Américo recebeu a Medalha Ednaldo do Egypto, da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, por seus serviços prestados em prol da cultura paraibana. A notícia de sua morte nos deixa com a sensação de que aos poucos vamos perdendo os nossos paladinos para o esquecimento. Não sei se alguém noticiou nos jornais paraibanos essa perda. Tomara que sim.
Como os leitores do cordel sabem, uma das assinaturas do poeta vem dentro do seu poema, nas últimas estrofes, naquilo que se conhece como acróstico. Para relembrar e homenagear o nosso poeta transcrevemos o seu acróstico em Antonio Américo, retirado de sua primeira história escrita História Completa da Cruz da Menina:
A história verdadeira
N ão me canso de contar
T oda certa e pesquisada
O melhor pude arranjar
N esta pesquisa que fiz
I sto me fez tão feliz
O poeta é pra lutar.
A Cruz da Menina agora
M e inspirou este tanto
E u nunca pensei fazer
R ica história leio e canto
I nspiração nordestina
C ontei da Cruz da Menina
O fato verídico e santo.
Antonio Américo estava com 84 anos. Descanse em paz, meu querido amigo e obrigado por tudo!
Fonte: jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
Lamentamos escrever sobre o falecimento do querido poeta Antonio Américo de Medeiros, na última terça-feira, dia 21. Em março de 2012 estivemos juntos em Patos, na Paraíba do Norte, ele já um pouco adoentado, mesmo assim tivemos uma longa conversa de muitas elucidações sobre o cordel no sertão paraibano. Américo era de São João do Sabugi, no Rio Grande do Norte, e escolheu a morada do sol para sua atuação artística e social. Publicou folhetos pela Tipografia Pontes em Guarabira - PB (Os dois que ele segura nessa fotografia que fiz: A Moça Que Mais Sofreu Na Paraíba Do Norte, o amarelinho, e A Fada Do Bosque Negro E A Princesa Safira, o azulzinho), também pela Editora Coqueiro, do Recife (História da Guerra de Juazeiro do Padre Cícero Romão Batista em 1914), ainda pela Editora Luzeiro de São Paulo (Lampião e sua história contada toda em cordel e A moça que mais sofreu na Paraíba do Norte). A Fundação Ernany Sátiro publicou sua coletânea Vida, Verso e Viola na qual se encontra o seu maior sucesso no cordel brasileiro História Completa da Cruz da Menina.
Foi um dos pioneiros de programas de rádio com violeiros repentistas na cidade de Patos com seu programa Violas e Repentes, ao lado de José Batista, na Rádio Espinharas, em novembro de 1960. Na década de 70 comprou um box no Mercado Público da cidade e passou a vender cordéis, iniciando sua tarefa de grande divulgador de nossa arte poética. Parou de cantar em 1988 e aposentou-se da venda de cordéis em 2005. Em 2003, Américo recebeu a Medalha Ednaldo do Egypto, da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, por seus serviços prestados em prol da cultura paraibana. A notícia de sua morte nos deixa com a sensação de que aos poucos vamos perdendo os nossos paladinos para o esquecimento. Não sei se alguém noticiou nos jornais paraibanos essa perda. Tomara que sim.
Como os leitores do cordel sabem, uma das assinaturas do poeta vem dentro do seu poema, nas últimas estrofes, naquilo que se conhece como acróstico. Para relembrar e homenagear o nosso poeta transcrevemos o seu acróstico em Antonio Américo, retirado de sua primeira história escrita História Completa da Cruz da Menina:
A história verdadeira
N ão me canso de contar
T oda certa e pesquisada
O melhor pude arranjar
N esta pesquisa que fiz
I sto me fez tão feliz
O poeta é pra lutar.
A Cruz da Menina agora
M e inspirou este tanto
E u nunca pensei fazer
R ica história leio e canto
I nspiração nordestina
C ontei da Cruz da Menina
O fato verídico e santo.
Antonio Américo estava com 84 anos. Descanse em paz, meu querido amigo e obrigado por tudo!
Fonte: jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
Por Aderaldo Luciano
1. No último dia 8 de janeiro, o cordel festejou o aniversário de Azulão, nascido em Sapé, na Paraíba do Norte, foi pioneiro da divulgação da poesia nordestina no Rio de Janeiro, fundador da Feira de São Cristóvão, autor de incontáveis títulos, folheteiro, violeiro e cantador. São 80 anos e mais de 500 folhetos decorados na cabeça branca. Criador de “pinicados” na viola, viu o Cego Aderaldo tocar no Rio, cantou com João Paulo Jr. Azulão é mais que um pássaro. É nosso voo e nosso pouso seguro. Curtam a capa de um de seus inúmeros sucessos: Vitória de Renato e o Amor de Mariana.
2. Conheci Azulão em 1986 quando cheguei no Rio, vindo de Sergipe. Naquele dia ele declamava O Trem da Meia-Noite no Largo da Carioca no centro de uma roda de ouvintes paralisados. Falava de tudo que acontecia no trem da Central. Versos numa métrica impecável, rimas perfeitas e interpretação magistral. Também eu, que já pensava em tornar-me poeta, paralisei-me e resolvi rever minhas preferências. Depois encontrei-o várias vezes fazendo a mesma coisa: poesia. Hoje, somos amigos e me emociono todas as vezes em que vou a sua casa. Sempre tem uma novidade, no cordel, na viola, numa observação sobre poetas com quem conviveu. Azulão escreve como quem sonha e canta como quem acabou de acordar. Outro título dele: Os Sofrimentos da Fera da Penha na Penitenciária de Bangu.
3. Pouca gente saberá quem foi Caryl Chessman. Foi morto no dia 2 de maio de 1960 na Câmara de Gás, na Califórnia, depois de 12 anos preso no Corredor da Morte. Recolhido à Penitenciária de San Quentin, Chessman alegava inocência, acusado de ser o Bandido da Luz Vermelha americano, responsável por uma série de roubos e estupros nos arredores de Hollywood. Durante a década de 1950 o caso tomaria repercussão internacional e ilustraria as páginas dos jornais brasileiros, semelhante a Saco e Vanzetti. Pois bem, é de Azulão a versão da história para o cordel.
4. Vou fechar minhas homenagens a Azulão citando mais uma vez o seu lado de cronista. Quando escreve Os Sofrimentos da Fera da Penha refere-se ao caso comovente da menina Tânia Maria, barbaramente assassinada por Neide Maria Rocha, de 22 anos na época, motivado o assassínio por ciúme e vingança, segundo os autos do processo. Seguido ao crime deram-se os supostos milagres que a criança morta estaria promovendo. Com Os Novos Milagres de Tânia finalizo minha lembrança e a felicidade de poder ter conhecido Azulão no melhor de sua forma.
5. Todos esses folhetos de Azulão foram publicados no Rio de Janeiro por A Modinha Popular. Reparem nas capas em três cores, semelhantes ao que a Prelúdio produzia na época em São Paulo. Assim como a editora paulistana, A Modinha, carioca, tinha em sua linha editorial, a publicação de revistas com letras de música e o dia-a-dia da classe artística e seguiu a orientação de publicar cordéis para alcançar o público nordestino que desembarcava no Rio. Azulão e Apolonio Alves são pioneiros na editora.
1. No último dia 8 de janeiro, o cordel festejou o aniversário de Azulão, nascido em Sapé, na Paraíba do Norte, foi pioneiro da divulgação da poesia nordestina no Rio de Janeiro, fundador da Feira de São Cristóvão, autor de incontáveis títulos, folheteiro, violeiro e cantador. São 80 anos e mais de 500 folhetos decorados na cabeça branca. Criador de “pinicados” na viola, viu o Cego Aderaldo tocar no Rio, cantou com João Paulo Jr. Azulão é mais que um pássaro. É nosso voo e nosso pouso seguro. Curtam a capa de um de seus inúmeros sucessos: Vitória de Renato e o Amor de Mariana.
2. Conheci Azulão em 1986 quando cheguei no Rio, vindo de Sergipe. Naquele dia ele declamava O Trem da Meia-Noite no Largo da Carioca no centro de uma roda de ouvintes paralisados. Falava de tudo que acontecia no trem da Central. Versos numa métrica impecável, rimas perfeitas e interpretação magistral. Também eu, que já pensava em tornar-me poeta, paralisei-me e resolvi rever minhas preferências. Depois encontrei-o várias vezes fazendo a mesma coisa: poesia. Hoje, somos amigos e me emociono todas as vezes em que vou a sua casa. Sempre tem uma novidade, no cordel, na viola, numa observação sobre poetas com quem conviveu. Azulão escreve como quem sonha e canta como quem acabou de acordar. Outro título dele: Os Sofrimentos da Fera da Penha na Penitenciária de Bangu.
3. Pouca gente saberá quem foi Caryl Chessman. Foi morto no dia 2 de maio de 1960 na Câmara de Gás, na Califórnia, depois de 12 anos preso no Corredor da Morte. Recolhido à Penitenciária de San Quentin, Chessman alegava inocência, acusado de ser o Bandido da Luz Vermelha americano, responsável por uma série de roubos e estupros nos arredores de Hollywood. Durante a década de 1950 o caso tomaria repercussão internacional e ilustraria as páginas dos jornais brasileiros, semelhante a Saco e Vanzetti. Pois bem, é de Azulão a versão da história para o cordel.
4. Vou fechar minhas homenagens a Azulão citando mais uma vez o seu lado de cronista. Quando escreve Os Sofrimentos da Fera da Penha refere-se ao caso comovente da menina Tânia Maria, barbaramente assassinada por Neide Maria Rocha, de 22 anos na época, motivado o assassínio por ciúme e vingança, segundo os autos do processo. Seguido ao crime deram-se os supostos milagres que a criança morta estaria promovendo. Com Os Novos Milagres de Tânia finalizo minha lembrança e a felicidade de poder ter conhecido Azulão no melhor de sua forma.
5. Todos esses folhetos de Azulão foram publicados no Rio de Janeiro por A Modinha Popular. Reparem nas capas em três cores, semelhantes ao que a Prelúdio produzia na época em São Paulo. Assim como a editora paulistana, A Modinha, carioca, tinha em sua linha editorial, a publicação de revistas com letras de música e o dia-a-dia da classe artística e seguiu a orientação de publicar cordéis para alcançar o público nordestino que desembarcava no Rio. Azulão e Apolonio Alves são pioneiros na editora.