• Início
  • Quem Sou
  • Forum
  • Contato
  • Subscribe to my RSS
  • Facebook
  • Twitter
  • Início
  • Geral
  • Locais
  • Mundo
    • Sociedade
      • Emprego
      • Saúde
      • Policial
      • Esportes
    • Ciência
    • Economia
    • Viagem
  • Diversão
  • Educação
  • Tecnologia
  • Cultura
  • Entrevista
    • Artistas
    • Políticos
    • Comerciantes
    • Públicos
  • Articulistas
    • Aderaldo Luciano
    • Colunista 2
    • Colunista 3
    • Colunista 4
Você está em: Início »
Mostrando postagens com marcador articulista. Mostrar todas as postagens
Para abrir os trabalhos, repasso uma antiga observação que fiz a respeito do mundo do cordel: — Também constatei que o mundo do cordel reflete o mundo da literatura oficial: tem seus medalhões (que se julgam acima de tudo), suas vaidades, suas traições, suas inseguranças, suas agressões, suas fofocas. Mas foi o mundo que escolhi e meu objetivo é torná-lo melhor, amando-o e tentando compreendê-lo.

Digo porque o meu texto sobre o romance de Felipe Junior promoveu uma boa discussão acerca da qualidade dos folhetos produzidos hoje em dia. Tanto Alexandre Morais, poeta pernambucano, quanto Aninha Ferraz, coordenadora da Editora Coqueiro, do Recife, corroboraram minhas observações a respeito do sumiço do romance de cordel, enquanto os cordéis de piada (não se confunda com o cordel de gracejo) transformam-se em febre entre os "leitores" cordeliais.

Mas sigamos nossa antiga reflexão. Quando Manoel D'Almeida Filho assumiu a coordenação e a seleção de textos para a Prelúdio, depois Luzeiro, empregou em larga escala, exigente que era, a leitura crítica dos textos, fazendo intervenções, com ou sem a anuência dos poetas. Esses textos revisados e, a maioria deles, melhorados tiveram sempre a maior aceitação. Há na Luzeiro todo um acervo de cartas e textos cordelísticos nos quais D'Almeida discute com os autores mostrando-lhes as impropriedades e possibilidades de melhorar o texto poético. Muitos poetas não aceitavam, mas a publicação só saía se o revisor (D'Almeida) desse o aval. E assim a Prelúdio, depois Luzeiro, consolidou-se no mercado transformando-se na grande casa publicadora de cordéis do país, alcançando respeito e criando em todos os poetas "do norte" o desejo de ver seus livretos publicados por ela.

Tentamos seguir a orientação de Manoel D'Almeida quando por lá chegamos. Mas a resistência de alguns poetas beiraram a agressão. Sustentamos o taco e todos os textos passaram a ter essa interlocução com os autores, visando a lapidação, a busca pela excelência, o texto ideal. Nem sempre acertamos, mas caminhamos, assumindo todos os nossos percalços, como deve ser, sempre.

Recentemente passei a ouvir de poetas que não gostariam que seus textos fossem revisados porque mudariam o estilo individual de cada um. Claro que sabemos de onde parte esse tipo de observação. E emendo: triste e coitado do poeta, ou qualquer outro escritor, que ache que seus problemas gramaticais, suas redundâncias, suas fraquezas na escrita, suas moletas na emenda dos versos, suas repetições de rima, suas inversões sintáticas, sua falta de leitura formam o seu estilo. E quem os orientou a isso, digo, sem medo de retaliação, é no, mínimo, um mau caráter.

Toda a história da literatura trata só de uma coisa: da reescritura do texto. O poeta que escreve um texto à noite e o publica, sem revisar ou submeter à apreciação de um terceiro, está escrevendo sobre sua sepultura. Nenhuma leitura crítica vai interferir no estilo de ninguém. Primeiro, poetas, precisamos saber o que é Estilo. Quando se trata de literatura não se fala em estilo de Língua, mas de Linguagem. E esse estilo é aquele no qual o poeta, senhor da Língua, manipula de tal maneira as possibilidades dela que cria uma Linguagem toda sua, especial, com o seu DNA. Portanto submeter um texto à consciência crítica de outrem é aprender a escrever bem.

Vejamos o caso de Maria das Neves Pimentel, filha de Francisco das Chagas Batista e mãe de Altimar Pimentel. A certa altura de sua entrevista a Maristela Barbosa de Mendonça ela fala se referindo à escritura de O Violino do Diabo: "... eu compreendi que esse verso não estava muito claro, não estava muito bom. O verso diz assim:

A virtude é um lago
de águas bem cristalinas,
um espelho de diamante,
uma joia rara e fina,
onde o vício não pode
lançar a mão assassina!

Então eu fiz esse outro:

Honestidade é virtude
dada pela mão divina
uma fonte de água pura
transparente e cristalina
onde o vício não pode
lançar a mão assassina."

É assim que funciona. O poeta tem que ter a coragem de modificar seus versos para melhorá-los. Vejamos o caso de Leandro Gomes de Barros: muita gente acredita que o pai do cordel escrevia seus textos à noite e os publicava no outro dia. Muitas vezes foi assim pela urgência do tema e do estômago, mas em todas as reedições de seus textos aconteciam consideráveis transformações. Aqueles que tiverem tempo pesquisem sobre isso. Na Casa de Rui Barbosa podemos encontrar folhetos de Leandro completamente anotados por sua filha Rachel Aleixo, servindo de roteiro para uma próxima edição. Nem por isso o estilo de Leandro avacalhou-se. Pelo contrário.

Todos nós sabemos que um folheto de 31 estrofes das quais 15 rimam em ÃO, ou é fruto de um gênio ou de um medíocre. Gênios existem poucos, logo nos assenhoramos disso. Mas se o medíocre acredita que o seu estilo, ou seja, a maneira que ele encontra de trabalhar a linguagem de seu poema, no que diz respeito à rima, é colocando metade de seu texto na rima mais banal do Português, aí a coisa é mais complicada. É doentio. O mesmo se aplica às rimas no Infinitivo do verbo: cordéis que rimam o tempo todo em AR, ER ou IR. Olha, se esse é o caso, querido poeta, sua condição é complicada. Reparem o caso de Leandro (modelo de verdade) em Bento, O Milagroso de Beberibe. Não há nenhuma rima em ÃO, apenas duas em IA e três no infinito. Posso dizer pela observação que Leandro estava no auge da maturidade poética, melhorando sua escrita. Vejam que rima arretada:

Na bolsa, no corpo, em tudo
Eu já sentia desfalque
Foi tocar n'água de Bento
Senti inteiro meu frack.
Apareceu-me bigode
E nasceu-me cavangnac.

Outro dia, sentamos Zé Walter Pires, poeta de Brumado, na Bahia, Rosário Pinto, do Museu do Folclore, do Rio de Janeiro, e eu, para uma leitura a três vozes da obra do mesmo Zé Walter, O Rapto de Pórcia, que estamos preparando para a Editora Luzeiro. Foi uma tarde de descobertas e discussões, de aproximação e consolidação da amizade. O próprio Zé e Rosário poderão dar o seu testemunho aqui.

Por isso e por muito mais é que vou repetir: — Você que está com esse discurso de que uma leitura crítica que aponta as impropriedades, imprecisões e outras aberrações do seu texto vai mexer com seu "estilo", caia na real. A figura que está colocando isso em sua cabeça só tem uma intenção: falar mal do seu texto depois da tragédia acontecida.

As fotografias que ilustram são de folhetos de Leandro anotados e revisados por Rachel Aleixo, sua filha.

Fonte: http://www.jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
É preciso falar do Cego Aderaldo, tanto do famoso personagem do Crato, no Ceará, como da biografia escrita por Cláudio Portella para a Escrituras, aliás a Escrituras, há algum tempo tem olhado um pouco acima, para os autores do Nordeste. Lembro aqui rapidamente do Angústia da Concisão, do poeta e filósofo Abrahão Costa Andrade, amigo de infância, lá das névoas areenses; do Zoo Imaginário, do poeta, nosso mestre e professor Sérgio de Castro Pinto; A Estética do Cangaço, de Frederico Pernambucano de Melo; Pedra Só, de José Inácio Vieira de Melo. Mas voltemos ao Cego Aderaldo.

A capa é realmente de arrepiar: o velho cantador enfatiotado em linho, segurando ao colo seu instrumento de trabalho, mais parecendo um donatário, e o era: donatário de vasta visão, como apregoa o subtítulo da obra.

Portella esmiúça com notável habilidade os fatos e a obra do vate caririzeiro, sem perder o lúdico, nem afastar-se do maravilhoso. Transformado em lenda, o Cego Aderaldo desfia seu canto e suas rimas, seus chistes e ousadias. Personagem na célebre A Peleja do Cego Aderaldo Com Zé Pretinho Do Tucum, Firmino Teixeira do Amaral colocou-lhe no canto as deixas até hoje lembradas nas rodas de conversa sobre o sertão dos cantadores:

Amigo José Pretinho
Não sei que hei de cantar
Só sei que depois da luta
O senhor vencido está
Quem a paca cara compra
Cara a paca pagará.

E assim vai costurando sua teia pegajosa repleta de inversões sobre o mesmo tema, encaixotando Zé Pretinho num beco sem saída, diante do trava-língua. Antes já havia preparado um nó do juízo do adversário, utilizando-se da mesma técnica:

Eu vou mudar a toada
Pra uma que mete medo
Nunca encontrei cantador
Que desmanchasse esse enredo:
É um dedo, é um dado, é um dia,
É um dia, é um dado, é um dedo.

Claro que tudo isso e muito mais está no miolo sensacional do livro: fotografias, pequena antologia de motes e glosas, pelejas e poemas. Homenagem mais que em tempo ao grande cantador. De muita pertinência aparecem nos anexos as pautas com a melodia do martelo agalopado, do mourão, das sextilhas e do quadrão, tradicionais modalidades da cantoria nordestina, trazendo a harmonia e a linha melódica da rabeca, instrumento com o qual Aderaldo se apresentava em várias ocasiões.

Claudio Portella é um cearense de Fortaleza, poeta e crítico literário, agora assina também como biógrafo, atrelando seu nome à cultura profunda do Brasil Real. De parabéns os envolvidos na empreitada e meus agradecimentos ao editor Raimundo Gadelha pelo belo presente.

Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
Por Aderaldo Luciano

Auto referenciação à guisa de introdução: — O aparecimento de um novo autor de cordel é motivo de festa e reflexão. Festa porque mais um se vê tocado pela seta cavilosa cordelial. Reflexão para discernir entre o "aventureiro", aquele que não tem compromisso com a arte; o "aproveitador", aquele que pega carona no poderio lúdico cordelístico para nutrir seu próprio egoísmo; o "experimentador", poeta que quer beber na fonte cordeliana e nela se banhar para sentir sua textura, profundidade e temperatura; o "pranteador filantrópico", que chora o fim do cordel e diz que quer ajudar a manter a arte viva; o "ignorante condenado ao inferno", aquele que pensa que conhece a arte, imagina que detém a força poética, zomba dos outros poetas e aproveita qualquer brecha para aparecer e tentar ganhar uns trocados com seus folhetos malacabados; e, por fim, o "escolhido", aquele que vem cumprir a sina, vestir-se de paladino, lutar a luta mais vã, sonhar e realizar. É o que fica. Todos nós que lidamos com o cordel nos deparamos com uns e com outros, sempre.

Há algum tempo fiz uma observação e a complementei com algumas interrogações: — O romance sumiu do cordel. O cordel de gracejo, o cordel pedagógico, o cordel das adaptações estão tomando o lugar das pelejas, dos romances, das aventuras originais. Os cordéis sobre seu Lunga, sobre o peido, sobre a bunda, sobre o chifre, etc. são best-sellers. Mas e os romances? Quem tem fôlego para o cordel original? Motivos não faltam. Faltarão poetas? — Atento a esse questionamento, Felipe Júnior, aproveitando minha passagem pelo Recife, durante a Bienal do Livro, aparteou-me e disse-me: — Tu não querias um romance? Olhaí? — E que belo texto encontrei, porque Felipe narra, descreve e reflete a vida sem perder a poesia, utilizando-a como ferramente para engrandecer sua obra. O Romance de Maria e Ezequiel ou O Grande Golpe do Destino cumpre todos os quesitos do romance cordelístico, aliás, o destino tem sido, desde a fundação, o tema base dos romances. Felipe, com maestria de quem não é novato (vide a breve introdução no início do post) divide o seu relato exatamente como o fizeram os pais do cordel brasileiro: na primeira estrofe faz a proposição, apresentando uma tese a ser defendida durante a narração; nas próximas 9 estrofes apresenta os personagens (Antonio Justino e sua mulher Helena, o coronel João Arraes e os protagonistas Ezequiel e Maria Luiza); por volta da estrofe 10 nos oferece a chave para todo o desenrolar da ação:

Antonio e Helena viram
Que pra ter felicidade
A menina precisava
De pai e mãe de verdade
E, portanto, a entregaram
Ao coronel da cidade.

A partir daí, o sofrimento dos pais que não podiam criar uma criança por falta total de condições econômicas e sociais é esmiuçado para que os pobres leitores deixemos nascer dentro de nós os pactos ficcionais que nos fazem simpatizar com uns personagens e antipatizar com outros. O narrador de Felipe é um intrometido que sabe tudo o que vai pelo coração dos personagens, prevê os seus atos, lê seus pensamentos e oferece uma leitura própria do mundo. Assim, de vez em quando, ele interrompe a narrativa para nos dar uma reflexão:

O grande golpe da vida
É necessário esquecer,
Pois por mais que ele nos fira
Ou que nos faça sofrer
Temos que buscar na vida
Um motivo pra viver.

De novo:

Entretanto quando o homem
Já se sente muito esperto,
A vida vem e coloca
Seu destino como incerto
Deixando um grande buraco
No seu coração aberto.

E novamente:

A vida nos mostra fatos
Que quer vê pede clemência,
Mas quando temos razão
E se agirmos com prudência
Pra ter um bom resultado
Baste termos persistência.

Esses três momentos reflexivos do narrador são as marcas para anunciar a mudança de ação e erguer novos cenários. A primeira, marca o preenchimento da lacuna da perda da filha com o anúncio do nascimento de Ezequiel; a segunda, corta para o fato que transformará a vida de todos os personagens e o aparecimento de outros personagens coadjuvantes: o casamento de uma linda donzela que tocará o coração de Ezequiel; e a terceira, nos traz o clímax da narrativa (que deixarei em aberto para que você, meu nobre leitor, contacte o autor e peça um exemplar do romance).

Felipe Júnior é um professor de Filosofia, mas em sua base é um poeta repleto de virtudes e atuações. Lá no Recife é figura presente na cena cultural. Com esse romance, trilha o caminho da Geração Princesa, dialoga com a Geração Prometida e consolida-se meio à Geração Coroada do Cordel Brasileiro, esta que perfaz a contemporaneidade cordelística. Felipe é um escolhido.

Fonte: http://jornalggn.com.br/blogs/aderaldo-luciano
Nos últimos tempos, visando a formação de agentes sociais e comerciais autônomos, viu-se a palavra "empreendedorismo" tomar ares de pedra filosofal. Prêmios para o empreendedor do ano, felicitações, estudos de casos, crédito (pouco e dificultado, mas presente), planos de governo (microempreendedor individual) e outras afirmações vêm marcando o estatuto nacional. No nordeste, essas raízes são antigas e promoveram o sistema de criação e distribuição do cordel.

No sistema cordelístico os pioneiros são, sem mácula e com sucesso: Leandro Gomes de Barros, o fundador; João Martins de Athayde, o expansor; e José Bernardo da Silva, o visionário. E é sobre esse último que derramaremos nossas pequenas luzes.

José Bernardo chegou no Juazeiro em 1926, vindo de Palmeira dos Índios, nas Alagoas, mas só começou a escrever versos em 1930. Ao mesmo tempo passou também a negociar com poesia, mas sem se afastar da agricultura, como ele mesmo afirma: "Eu nunca vivi somente de poesia." Entretanto sua prática coloca em dúvida essa afirmação pois estabeleceu sua própria Tipografia São Francisco, comprou algumas máquinas a partir de 1938: a primeira de Assis Bezerra, da Tipografia Minerva, em Fortaleza; depois comprou mais uma máquina da Tipografia Paulina, hoje Edições Paulinas; a seguir comprou mais uma de Dr. Feitosa. E a partir daí não parou mais, transformando-se no maior editor de cordéis no Nordeste brasileiro.

A grande virada na vida de editor de José Bernardo foi a compra do acervo de João Martins de Athayde, segundo o próprio Bernardo: "... eu comprei essa coleção do Athayde, que é a maior, que eu chego no fim dela com esses romances mesmos, que nós não temos capacidade para imprimir todos." Para alguns essa negociação se deu na década de 50, mas um depoimento da viúva de Athayde aponta para outra data. Diz Dona Sofia Cavalcanti de Athayde: "... Foi mais ou menos em 1942, porque esse menino nasceu em 1945, ele era novinho, foi quando ele mudou-se para a Rua Imperial, que a casa também era nossa, ali junto do rio Una." Como Athayde se aproximava dos 70 anos é possível que a compra tenha se dado entre 42 e 47, mas não na década de 50.

José Bernardo faleceu em 1972 vendo seu negócio em decadência. Sempre colocou a culpa nos cordéis publicados em São Paulo pela Editora Prelúdio. Ao contrário do que diziam os pesquisadores, não foi o rádio, o jornal, tampouco a televisão os responsáveis pela crise e fechamento das editoras de cordel no interior do Nordeste. É o que diz José Bernardo: "Principal exemplo no Norte, digamos, que tem a Prelúdio, no Sul... Faz uma capa muito bonita, porque tem máquinas suficientes, e nós não podemos aplicar o papel adequado que chame a atenção da plateia como eles lá. Já é o fracasso, tanto em clichés como em papel para a capa."

José Bernardo tem grande importância para mim, especialmente. Explico. A teoria sobre o cordel brasileiro que desenvolvi estuda o cordel a partir dos seus traços literários, abandonando aquela marca folclórica que alguns pesquisadores continuam a apregoar. O cordel não é folclore porque não é anônimo, tem autor, editora e datação. Esses mesmos estudiosos desenvolveram uma tabela de classificação dos temas do cordel e o foram organizando em ciclos. Mas esses ciclos são regidos também pelos estudos folclóricos, logo, obsoletos. A minha classificação abrange o cordel observando a aplicação dos gêneros literários, oferecendo ao cordel aquele traço que lhe é fundamental: o traço poético. Obedecendo à classficação clássica temos os cordéis de predominância lírica, epopéica, dramática. Obedecendo à classificação moderna, encontramos o cordel ensaístico, biográfico, performático. Encontramos também a crônica cordelística. Essa teoria iniciou-se com meu encontro com o cordel "Conselhos Paternais", de José Bernardo da Silva, no qual não é contada uma história, nem retratada uma peleja. É um cordel lírico, quando o poeta apenas reflete sobre como deveria ser o filho ideal.

Pra mim, José Bernardo da Silva foi o visionário que, sob as bençãos do Padre Cícero, fundou a Tipografia São Francisco, no Juazeiro do Norte, Ceará. Suas máquinas irrigaram o Nordeste de folhetos de cordel. De sua pequena valise desabaram versos e rimas pelo chão do mundo, pelo céu dos planetas, pelos olhos das gentes, pelas mãos dos viventes. Foi uma entidade plantada no Cariri, um mandacaru polido no barro do massapê, soprado pela divindade para alegrar as nossas vidas. Domou o Dragão, de Juvenal, namorou a Donzela Teodora, amasiou-se com a Imperatriz Porcina, foi companheiro de João de Calais. À noite, no breu dos tempos que longe vão, não amaldiçoou a escuridão, pelo contrário, acendeu a lamparina da poesia, desenhou caminhos de luz para nós, leitores, poetas e sonâmbulos. Com as mãos sujas de tinta gráfica escreveu versos limpos e profundos, revelou o sertão para todos. Sua gráfica foi um portal para outra dimensão, foi o buraco transcendental no qual caímos todos, seduzidos pelo seu carisma. José Bernardo da Silva, mais que Homem, Semideus, Titã, herói dos folhetos, lenda e protetor! Nossos mais profundos respeitos!

Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
Enviado por Aderaldo Luciano

Lamentamos escrever sobre o falecimento do querido poeta Antonio Américo de Medeiros, na última terça-feira, dia 21. Em março de 2012 estivemos juntos em Patos, na Paraíba do Norte, ele já um pouco adoentado, mesmo assim tivemos uma longa conversa de muitas elucidações sobre o cordel no sertão paraibano. Américo era de São João do Sabugi, no Rio Grande do Norte, e escolheu a morada do sol para sua atuação artística e social. Publicou folhetos pela Tipografia Pontes em Guarabira - PB (Os dois que ele segura nessa fotografia que fiz: A Moça Que Mais Sofreu Na Paraíba Do Norte, o amarelinho, e A Fada Do Bosque Negro E A Princesa Safira, o azulzinho), também pela Editora Coqueiro, do Recife (História da Guerra de Juazeiro do Padre Cícero Romão Batista em 1914), ainda pela Editora Luzeiro de São Paulo (Lampião e sua história contada toda em cordel e A moça que mais sofreu na Paraíba do Norte). A Fundação Ernany Sátiro publicou sua coletânea Vida, Verso e Viola na qual se encontra o seu maior sucesso no cordel brasileiro História Completa da Cruz da Menina.

Foi um dos pioneiros de programas de rádio com violeiros repentistas na cidade de Patos com seu programa Violas e Repentes, ao lado de José Batista, na Rádio Espinharas, em novembro de 1960. Na década de 70 comprou um box no Mercado Público da cidade e passou a vender cordéis, iniciando sua tarefa de grande divulgador de nossa arte poética. Parou de cantar em 1988 e aposentou-se da venda de cordéis em 2005. Em 2003, Américo recebeu a Medalha Ednaldo do Egypto, da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, por seus serviços prestados em prol da cultura paraibana. A notícia de sua morte nos deixa com a sensação de que aos poucos vamos perdendo os nossos paladinos para o esquecimento. Não sei se alguém noticiou nos jornais paraibanos essa perda. Tomara que sim.
Como os leitores do cordel sabem, uma das assinaturas do poeta vem dentro do seu poema, nas últimas estrofes, naquilo que se conhece como acróstico. Para relembrar e homenagear o nosso poeta transcrevemos o seu acróstico em Antonio Américo, retirado de sua primeira história escrita História Completa da Cruz da Menina:

A história verdadeira
N ão me canso de contar
T oda certa e pesquisada
O melhor pude arranjar
N esta pesquisa que fiz
I sto me fez tão feliz
O poeta é pra lutar.

A Cruz da Menina agora
M e inspirou este tanto
E u nunca pensei fazer
R ica história leio e canto
I nspiração nordestina
C ontei da Cruz da Menina
O fato verídico e santo.

Antonio Américo estava com 84 anos. Descanse em paz, meu querido amigo e obrigado por tudo!

Fonte: jornalggn.com.br/blog/aderaldo-luciano
Por Aderaldo Luciano

1. No último dia 8 de janeiro, o cordel festejou o aniversário de Azulão, nascido em Sapé, na Paraíba do Norte, foi pioneiro da divulgação da poesia nordestina no Rio de Janeiro, fundador da Feira de São Cristóvão, autor de incontáveis títulos, folheteiro, violeiro e cantador. São 80 anos e mais de 500 folhetos decorados na cabeça branca. Criador de “pinicados” na viola, viu o Cego Aderaldo tocar no Rio, cantou com João Paulo Jr. Azulão é mais que um pássaro. É nosso voo e nosso pouso seguro. Curtam a capa de um de seus inúmeros sucessos: Vitória de Renato e o Amor de Mariana.

2. Conheci Azulão em 1986 quando cheguei no Rio, vindo de Sergipe. Naquele dia ele declamava O Trem da Meia-Noite no Largo da Carioca no centro de uma roda de ouvintes paralisados. Falava de tudo que acontecia no trem da Central. Versos numa métrica impecável, rimas perfeitas e interpretação magistral. Também eu, que já pensava em tornar-me poeta, paralisei-me e resolvi rever minhas preferências. Depois encontrei-o várias vezes fazendo a mesma coisa: poesia. Hoje, somos amigos e me emociono todas as vezes em que vou a sua casa. Sempre tem uma novidade, no cordel, na viola, numa observação sobre poetas com quem conviveu. Azulão escreve como quem sonha e canta como quem acabou de acordar. Outro título dele: Os Sofrimentos da Fera da Penha na Penitenciária de Bangu.

3. Pouca gente saberá quem foi Caryl Chessman. Foi morto no dia 2 de maio de 1960 na Câmara de Gás, na Califórnia, depois de 12 anos preso no Corredor da Morte. Recolhido à Penitenciária de San Quentin, Chessman alegava inocência, acusado de ser o Bandido da Luz Vermelha americano, responsável por uma série de roubos e estupros nos arredores de Hollywood. Durante a década de 1950 o caso tomaria repercussão internacional e ilustraria as páginas dos jornais brasileiros, semelhante a Saco e Vanzetti. Pois bem, é de Azulão a versão da história para o cordel.

4. Vou fechar minhas homenagens a Azulão citando mais uma vez o seu lado de cronista. Quando escreve Os Sofrimentos da Fera da Penha refere-se ao caso comovente da menina Tânia Maria, barbaramente assassinada por Neide Maria Rocha, de 22 anos na época, motivado o assassínio por ciúme e vingança, segundo os autos do processo. Seguido ao crime deram-se os supostos milagres que a criança morta estaria promovendo. Com Os Novos Milagres de Tânia finalizo minha lembrança e a felicidade de poder ter conhecido Azulão no melhor de sua forma.

5. Todos esses folhetos de Azulão foram publicados no Rio de Janeiro por A Modinha Popular. Reparem nas capas em três cores, semelhantes ao que a Prelúdio produzia na época em São Paulo. Assim como a editora paulistana, A Modinha, carioca, tinha em sua linha editorial, a publicação de revistas com letras de música e o dia-a-dia da classe artística e seguiu a orientação de publicar cordéis para alcançar o público nordestino que desembarcava no Rio. Azulão e Apolonio Alves são pioneiros na editora.
Réquiem para uma paloma gris
para Ana Adelaide Peixoto
No verão tudo se acasala. Isso é um lugar comum.
Saía de casa de mãos dadas com Carlos para a nossa caminhada antes das 7 horas da noite, ainda com o parque Red Rock aberto, porque o sol batia a montanha pelas costas mas ainda estava longe de chegar ao seu poente pacífico.
Percebi o peso na árvore situada na frente da casa, algo que me pareceu ser uma grande ave. Olhei para o barulho e antevi pelas folhas do carvalho duas pombas cinzas, que se acompanhavam. Arrulhavam uma em um galho e a outra em outro galho vizinho. Mostrei para Carlos o que havia visto e ele me disse que pareciam perdizes. Me enterneci com a imagem de dois casais que saiam a passear, nós e as duas palomas, ou perdizes. Procurei o ninho, porém não o encontrei.
Pensei que elas estivessem então de passagem e que não as veria mais.
Estava no escritório no começo da manhã do dia seguinte, lendo os jornais no computador. De repente um som duro e sólido, e um piado doído e terminal. Uma pancada que senti na parede pelo lado de fora da casa, acima da janela de onde eu estava, precisamente no andar de cima. Quis por um momento não acreditar que poderia ser um pássaro confundido no seu voo e que tivesse encontrado o obstáculo do vidro a sua frente para se despedaçar. Sobressaltada, aflita, corri para a porta da frente, abri, e procurei ver o que havia acontecido. Do lado direito, perto da porta externa do escritório, vi no chão ainda se movendo uma paloma cinza. Gritei. Veja o que aconteceu! A paloma se confundiu com o reflexo da janela e voou para a morte. Que coisa triste! Carlos veio acudir, porém decretou que a paloma estava morta e que não havia nada que pudéssemos fazer, deveríamos retirá-la daí, removê-la para outro lugar, uma sacola, para que pudéssemos levar para o depósito de detritos, para que o caminhão possa levá-la. Assim foi feito.
Algum tempo depois, no meio da manhã, escutávamos o canto da sua parceira chamando de volta o seu par. Não parava , u-ru-ru-ru-ru-u, u-ru-ru-ru-ru-u, u-ru-ru-ru-ru-u... ritmado e frequente. Já sabíamos que ele não atenderia a seu chamado, mas a parceira insistia em seu canto de chamavio (assovio de chamado peculiar somente aos pássaros). O dia foi ficando comprido. O canto triste e solitário da paloma que jamais seria ouvida parou a atmosfera do lugar. Tudo era seu e de seu canto.
Ainda é tarde e o canto continua produzindo sua tristeza, e era somente um voo de verão, espraiado em um reflexo letal.
Vejo, ao cair da noite, a paloma sozinha voando em retirada para a árvore da saudade.
--
Topanga, CA, 2013-07-14
Próximo passo de Cartaxo será a Festa da Neves
Religioso como poucos políticos sabem ser, principalmente no exercício do poder, o prefeito Luciano Cartaxo reafirma que pretende fazer com que a festa da nossa padroeira, Nossa Senhora das Neves, volte a ser comemorada à altura do catolicismo que marca a rotina da maioria da população pessoense.
Respeitando a vontade da população, ele já começou no início da semana a tomar definições que visam o resgate do apogeu do evento que mobilizava praticamente toda cidade, independentemente até de diferenças entre crenças religiosas.
Cartaxo não governa apenas de olho na chuva que cai incessantemente sobre a capital paraibana há mais que 15 dias consecutivos. Na segunda feira ele acordou determinado em mudar a história recente de um festejo raro, pois reunia ricos e pobres, brancos e negros, letrados e sem estudo, e que marcava o calendário de eventos massivos realizados em nossa cidade.
Nem mesmo a disputa pelo governo do estado, que já começou na Paraíba que sobrevive de palanques eternamente armados, lhe tirou a atenção da padroeira que todo pessoense aprendeu a admirar. O PT ainda não sabe como ocupará um desses palanques em 2014, mas o prefeito petista sabe muito bem que a Festa da Padroeira vai representar outro encontro marcante entre o dirigente atual da Prefeitura e seus moradores, haja vista que Cartaxo obteve uma vitória retumbante no ano passado, saindo da terceira colocação nas pesquisas para ocupar hoje em dia o trono do Paço Municipal, que vem a ser simplesmente o segundo cargo mais importante da Paraíba.
Ao anunciar que pretende organizar uma festa de primeira linha em homenagem à Nossa Senhora das Neves, Luciano sabe também que enfrentará pela frente zilhões de questionamentos sobre o repertório de shows musicais que a Funjope realizará no Ponto de Cem Réis, ao longo dos dias de festejos profanos, enquanto na Basílica o arcebispo Dom Aldo Pagoto dará continuidade ao roteiro de novenas e a procissão que tradicionalmente percorre toda região central, arrastando uma multidão de fiéis inabaláveis.
Os dois se dão muito bem: o prefeito petista e Dom Aldo. Ao ponto do prefeito iniciar aos festejos de São João este ano com uma missa especial celebrada às 18 horas na Igreja do Carmo, bem em frente ao local onde- em seguida- aconteceria mais um Festival de Quadrilhas Juninas. Tudo muito simples e movido apenas pela fé. O resultado é que o cidadão simples que vive e trabalha em João Pessoa participou de um dos eventos populares mais animados da última década...
Cartaxo deve ter consciência de que surgirão críticas contra a tal música brega e/ou música sem qualidade que possam vir a constar da programação.Afinal de contas, vem optando pelo respeito ao gosto do povo desde que assumiu a Prefeitura.
Diante da possibilidade de rever seu povo rezando e brincando, como sempre fez, a padroeira deve estar - desde já - rememorando os alegres tempos em que acarinhava todos seus filhos diante do altar católico e adjacências.
E até mesmo aqueles pessoenses que não são católicos percebem que tem motivos de sobra para se arrumar afins de mais um aniversário da cidade que amamos.
"Não se faz omelete sem quebrar os ovos"
Tudo na vida tem um preço a pagar, um risco a correr, uma opção a decidir. O caminho dos objetivos é árduo, com muito esforço e sacrifício. Para colher é preciso plantar, para ter é preciso trabalhar, para desfrutar é preciso construir e antes de comer é preciso quebrar os ovos.
A culinária ensina que é impossível preparar uma omelete sem quebrar os ovos, o mesmo ocorre na vida. É impossível ter êxito sem: planejar o fazer, estabelecer metas a seguir, cumprir um cronograma de trabalho, ter consciência dos possíveis riscos e consequências.
A consecução dos seus resultados vai depender da competência no enfrentamento dos desafios, na superação das dificuldades e dos obstáculos. O sucesso da conquista está na coragem e na ousadia. Quem teme encarar problemas não é bem sucedido em suas empreitadas.
Da mesma forma que não se faz uma omelete sem quebrar os ovos, não se toma uma decisão sem custo. Tanto para quem vai executar como para quem vai receber há um preço a se pagar. Pois todo peso tem uma medida e toda ação uma reação. Que prevaleça o bom senso.
O provérbio é um alerta de que nada se consegue sem esforço, sem dor. Ainda que cheio de esperança tudo se faz com muito trabalho e suor. Não se “quebrar os ovos” para “fazer uma omelete” ou se corre riscos para desenvolver um projeto sem inquietação e angústia.
Integra a coletânea de textos que intitulei “REFLETINDO A SABEDORIA POPULAR (ditados, expressões e provérbios)”.
Postagens mais antigas Página inicial

Galeria de Vídeos

  • Notícias Atualizadas
  • Comentários
Publicidade

CATEGORIA

  • Digital Informática
  • Jornal Educar
  • Rádio Areia Fm
  • Gilberto Batista

ANÚNCIO 160 x 600

REDES SOCIAIS

Recomende-nos no Google
Seguir @areiense

MINHAS FOTOS NO Flickr

Mais lindos da Semana

  • Chacina: polícia reforça suspeita sobre menino ter matado família
  • Morre Severino Casimiro, viúvo da líder camponesa Margarida Maria Alves
  • Juiz zera número de processos na comarca de Arara

Textos mais lidos

  • Revoltados com boatos de fechamento de histórica escola em Areia, população se indigna e vai às ruas protestar
  • Chacina: polícia reforça suspeita sobre menino ter matado família
  • Paróquia de Areia recebe novo administrador paroquial
  • Cidades violentas do Brasil
  • Morre Severino Casimiro, viúvo da líder camponesa Margarida Maria Alves

Quem sou eu

Unknown
Ver meu perfil completo

Arquivo do Blog

  • Início
  • Geral
  • locais
  • Mundo
  • Diversão
  • Educação
  • Tecnologia
  • Cultura
  • Entrevista
  • Articulista
2013 Areiense da Gameleira. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido porAreiense
© areienses 2013. Tecnologia do Blogger.